Adespeito das oscilações econômicas dos Estados Unidos, o mercado imobiliário de Miami segue aquecido e com oportunidades para brasileiros investirem na cidade. O estoque de imóveis disponíveis está baixo, mas há margem para negociação, e uma nova safra de lançamentos está chegando ao mercado, com condições favoráveis para a compra.
“O ‘timing’ é perfeito para a aquisição de imóveis na planta. Como o prazo de entrega das unidades é de cerca de dois ou três anos, dá tempo para o comprador se preparar para o financiamento se for o caso”, explica Mariana Niro, corretora associada à Serhant Miami com 18 anos de atuação no mercado local.
O fluxo de pagamento seria um grande atrativo. Segundo ela, metade do valor do imóvel é paga em prestações nos primeiros dois anos, e os outros 50% são quitados somente após esse período. “Até lá, apesar da valorização do bem, o preço a ser pago é aquele informado dois anos antes”, destaca ela.
Para André Duek, da One Sotheby’s, três regiões na cidade merecem atenção: “Boca Raton, para famílias; Aventura-Sunny Isles-Bay Harbour, para aqueles que buscam um lugar de férias, estudar ou morar; e Miami Beach-Downtown, para investidores e casais jovens, com imóveis menores, na faixa dos US$ 500 mil”, afirma.
Mas é bom se apressar. Os compradores estrangeiros estão enfrentando a concorrência dos próprios americanos dos estados do Norte, que estão migrando em peso para a Flórida, inflacionando o mercado de imóveis.
Segundo levantamento da National Association of Realtors (NAR), cerca de 319 mil pessoas migraram para o estado sulista no ano passado — o que representa um incremento de 2% na população local. Em sua maioria, são novos residentes que vieram da Califórnia, de Nova York e de Chicago.
A valorização dos imóveis em Miami foi um efeito ime-diato: aumento de 10,9% em fevereiro deste ano. Na contramão, os preços na Bay Area, em San Francisco, despencaram 10,1% no mesmo mês, conforme dados do Case-Shiller Home Price Index, que acompanha o valor dos imóveis nas 20 maiores metrópoles do país norte-americano.
O fator principal que tem estimulado esse movimento migratório é essencialmente financeiro: impostos e taxas acumulados sobre a renda. Um nova-iorquino que ganhe US$ 650 mil por ano pode poupar cerca de US$ 200 mil com a mudança de endereço, e um californiano, US$ 153 mil.
Além disso, a diferença do custo de vida é drástica. Segundo a consultoria SmartAsset, viver em Nova York é 137,6% mais caro do que nas demais cidades americanas. Na comparação com Miami, o percentual cai para 22,8%.
MAIS LUXUOSOS
Para atender os novos clientes endinheirados, os lançamentos na cidade têm ganhado sofisticação extra. O mais recente deles, St. Regis The Residences, será construído no último terreno à beira-mar na região sul da Brickell Avenue, em Sunny Isles, fruto de parceria entre o Related Group e a Integra Investments, do brasileiro Nelson Stabile. O projeto é de Robert A. M. Stern Architects. As unidades de dois a sete dormitórios custarão entre US$ 3,5 milhões e US$ 20 milhões.
Os imóveis de alto luxo, inclusive, valorizaram 21,6% em Miami no ano passado. A cidade figura no ranking top 5 — atrás de Dubai, Aspen, Riad e Tóquio — dentre aquelas com maior incremento no preço residencial desse perfil de produto, de acordo com o “The Wealth Report 2023”.
Outros lançamentos têm tido bastante procura. O CasaBella Residences destaca-se pelo “lifestyle” italiano, traduzido no projeto do arquiteto Piero Lissoni e no mobiliário da marca B&B Itália. O Cipriani Residences traz no nome sua grande atração: o condomínio terá um restaurante da famosa rede em seu interior.
Os compactos para investimento e locação “short stay” também estão em alta. Projetos descolados em Downtown Miami, que recebeu melhorias recentes em segurança e infraestrutura públicas, surgem como opção. Caso do One Park Tower e do Nomad Residences, em Wynwood, com fachada ativa e preços a partir de US$ 600 mil.
Outra mudança no perfil dos clientes brasileiros interessados em imóveis na Florida é a origem. Historicamente dominado por paulistas e cariocas, esse grupo tem recebido cada vez mais integrantes de estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Sim, a turma do agronegócio brasileiro parece estar descobrindo Miami.
“Pela primeira vez em dez anos, tenho recebido abordagens de pessoas que vêm da agricultura e da pecuária do Brasil”, surpreende-se André Duek, da One Sotheby’s. Segundo o executivo, esses clientes têm como interesse prioritário dolarizar o patrimônio.
Outra diferença é o tipo de produto que mais procuram. Além dos apartamentos de frente para o mar, essa turma tem tido especial interesse por propriedades no interior da Flórida. Cidades como Wellington, a 112 quilômetros de Miami, são repletas de pequenas fazendas e haras, o que tem atraído o cliente do agro nacional.
“São pessoas que querem manter o estilo de vida no campo que já têm no Brasil. No início do mês, assessorei um cliente interessado em uma “equestrian property”, que são residenciais com infraestrutura para criação de cavalos. O valor era de US$ 30 milhões”, comentou.
Outra vantagem citada por Duek seria a possibilidade de ter uma pista de pouso na própria casa. Na Flórida, a regulamentação sobre esse tipo de equipamento privado é menos rígida. “Esses brasileiros estão acostumados a voar entre suas fazendas e pensam em fazer o mesmo por aqui, mas como lazer.”
Com informações de Globo.com